Até aos quatorze anos eu não sabia que existiam pretos e brancos, brancos e negros, índios e japoneses, árabes ou aborígenes... Prá falar a verdade, isso não fazia diferença pra mim, e nem sei quando aconteceu essa diferenciação no meu discernimento das coisas e das pessoas.
Resolvi escolher os quatorze anos porque foi quando eu dei meu primeiro e significativo beijo, foi um dia marcante. Minha mãe no seu modo de ser, reverente, me ensinou silenciosamente a ser da mesma forma; nasci num bairro pobre, de gente humilde e igual. A minha realidade infantil foi repleta de acontecimentos - em 86 teve o cometa halley, teve a copa do mundo com maradona fazendo um gol mágico contra a inglaterra; em 85 teve rock in rio - dentre outras coisas do imaginário infantil. Assim eu cresci... Me lembro de aos 14, um menino que morava abaixo da minha casa, o Adílson, me cortou no braço com uma lâmina de gilete. Sangrou bastante, a mãe dele bateu nele, depois eu bati também. Na semana seguinte a gente tava brincando de novo, jogando bola... O Adílson é preto. Costumo usar a denominação PRETO, pois sou chamado de branco, e já que sou comumente designado pela minha cor, passei a fazer o mesmo, meus amigos me dizem que estou errado, que o certo é "NEGRO". Mas porque eu devo ser designado conforme a minha COR, e no caso do NEGRO, ele deve ser designado conforme sua etnia?
Nos Estados Unidos os negros não aceitam ser chamados de NEGRO(em inglês pronuncia-se NÍGRO), e se você ousar falar NIGER, pode ir comprar seu caixão. Lá o "aceitável" é que se diga BLACK. Isso só vêm a me deixar confuso, pois em dois grandes paises, com marcante miscigenação de pretos e brancos, o aceitável em um, é o contrário do outro. My friends, nos USA eu estou certo?
Eu comecei a trabalhar, viajei bastante, vi e vivi coisas... eu saí por aí, eu curti e voltei pra minha gente de bh.
Racismo sempre foi um assunto sobre o qual nunca discuti, pois tenho-o bem definido na minha cabeça; na minha cabeça, na minha vida, no meu coração e nos meus sentimentos e palavras ele não existe, pelo menos até pouco tempo ele não existia. Na faculdade de história tem um monte de gente inteligente, revolucionário, político, maconheiro e nerd e chato e gente boa. Eles direto tão falando de racismo, tão falando tanto que eu passei a me questionar: "Será que eu também sou racista?"
Eu nunca tive uma namorada preta, a designação disso não faz diferença pra mim, aos meus olhos, faço parte de uma raça humana, pois um PRETO africano, pode ser mais parecido genéticamente com um BRANCO norueguês, do que um outro próprio BRANCO de qualquer lugar. E nem me tento a justificar meu ''não racismo", usando esse frágil argumento genético. o fato é que isso não faz a menor diferença pra mim.
Por que meus amigos dizem que: os pretos não estão incluídos nas grandes empresas, as mulheres pretas tem menos emprego que as mulheres brancas, a população carcerária de pretos é muito maior que a de brancos e uma infinidade de outros números de exclusão sofrida pelos pretos. E que essa exclusão se dá por falta de políticas de inclusão. Mas quem faz essa política de exclusão?
Há alguns anos havia um grupo de pagode que se chamava: "Raça Negra", e outro que se chamava "Só Preto sem Preconceito". Imagina se alguém inventasse o grupo Raça Branca, ou o grupo Raça Ariana. E de tanto esses meus amigos falarem, passei a me questionar... passei a também me sentir muito mal com isso. O ladrão rouba porque é viciado, ou porque passa fome, ou porque não tem emprego, ou porque no seu convívio foi levado a isso. O assassíno mata por vingança, ciúme, dívida... o estuprador por sua psicose, o drogado usa sua droga pelo seu afã de sensações. Percebem que todos os crimes, excluindo o racismo, tem algum tipo de motivação?
Você racista, se pergunte: "eu sou racista porquê?" "qual a minha fome, a minha vingança, a minha psicose, o meu afã pelo racismo?"
Comece a se perguntar e vá aos confins do conhecimento e da capacidade humana, analise historicamente e sociologicamente suas motivações. E você verá que, o racismo dos estados unidos é diferente historicamente do racismo no brasil, que a escravidão existe no mundo desde os primeiros povos, e que nosso "racismo brasileiro" não se deu ou se dá pela escravidão de outrora.
"Se uma árvore cai na floresta mas não há ninguém por perto, ela faz barulho?"
Do ponto de vista antropocêntrico NÃO.
Então, se todos os dias eu não falo no racismo, ele não existe?
Ou se falo, ele existe?
Não sei.
Recentemente fizeram uma análise fisiológica e genética do tipo étnico da Daiane dos Santos( a ginasta), não me lembro dos números exatos, mas o resultado foi algo como: 33% ameríndio, 33% caucasiano e 34% negro. Sabe-se que os seres humanos nasceram, ou surgiram, da mesma árvore genética, formada no continente africano.
Só uns exemplos a citar:
O maior jogador de futebol de todos os tempos: PRETO
O maior jogador de basquete: PRETO
O maior do golfe: PRETO
Basebol: PRETO
Boxe e atletismo nem preciso falar...
É concidência?
Sei lá.
Aff... assunto dificil.
Poderia me delongar sobre o assunto raça, evolução de espécies e ir nesse caminho...
Mas não é necessário, tudo esta aí, aos olhos de quem quiser ver, decida como quiser. mas se decidir escolher pelo racismo, por favor, não se diga meu amigo.
Ps.: Sabe o que a garrafa disse para o café?
- Ai que pretinho quente!!!!
vc devia continuar escrevendo!
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